Da Expansão à Contracção no Sistema Nervoso

Reich percebeu as funções básicas das dinâmicas no sistema nervoso vegetativo, referindo-se a um “vegetomecanismo”, falando de reacções totais primitivas do organismo como um todo: o parassimpático activa a superfície do organismo no sentido de uma orientação centrífuga e o simpático no sentido centrípeto. Se tomarmos em conta os contributos de Freud, Hartman e Kraus para a estrutura teórica de Reich, podemos incluir os seguintes pontos:
1) Em todo o organismo vivo encontramos as funções vegetativas básicas que consistem em dois movimentos opostos: centrípeto e centrífugo;
2) Esses movimentos são acompanhados pelos movimentos vegetativos correspondentes aos fluidos corporais;
3) Os movimentos são acompanhados de mudança no potencial elétrico da superfície do organismo; com a expansão da superfície, o potencial aumenta, com a contração, diminui;
4) Nos organismos primitivos os movimentos vegetativos fluidos são transportados por substâncias químicas com efeito vegetativo oposto: o cálcio centrípeto; o potássio centrífuga; nos organismos com um sistema nervoso vegetativo mais desenvolvido, os impulsos são transportados pelo parassimpático (centrífugo – potássio) e simpático (centrípeto – cálcio); nos organismos superiores, as substâncias químicas mais complexas como as hormonas, também entram em jogo.
No Homem, a intervenção parassimpática, através do sistema nervoso, e é percebida como prazer; inversamente, o movimento quando vivencia o lado simpático do sistema nervoso, percebe sensações de desprazer e angústia.
Expansão
a) direcção ao mundo;
b) corrente vegetativa em direção à periferia;
c) tensão superficial mecânica aumentada;
d) potencial superficial elétrico aumentado;
e) preponderância funcional do grupo potássio;
f) parassimpaticotonia;
g) sexualidade
Contracção
a) encerramento em si mesmo;
b) corrente vegetativa em direção ao centro;
c) tensão superficial mecânica diminuída;
d) potencial superficial elétrico diminuído;
e) preponderância funcional do grupo do cálcio;
f) simpaticotonia;
g) sensações de desprazer;
h) angústia
É claro que estas tabelas representam extremos teóricos; normalmente, a vida vegetativa consiste numa oscilação, dentro dos limites moderados entre a parassimpaticotonia e a simpaticotonia, ou seja, entre a expansão e a contração rítmicas; dependendo da sua quantidade e qualidade, os estímulos ambientais resultarão na preponderância de um ou de outro componente vegetativo no organismo.
Estela Rodrigues